Renascidos na Páscoa Me transformei pela dor. Cicatrizei o coração com o novo

Nesta Quaresma, Deus me refez. Da solidão fiz oração, da tristeza busquei a força para modificar o meu “eu”, colocando na balança da decisão o peso da empatia, para que pudesse pesar o lado que cria a felicidade alheia sem afetar a minha própria felicidade.

Me transformei pela dor. Cicatrizei o coração com o novo, para que - na angústia criada pela ansiedade - a decisão tenha como fator de importância apenas o hoje. Sim, porque decidi que será um dia de cada vez.

Compreendi que a renovação não está no dormir, mas sim, no acordar de cada manhã. Todos os dias busco ser um pai melhor, um filho melhor, um homem melhor. Entendi que o clichê “Não se pode deixar para amanhã aquilo que é possível fazer hoje” é fato consumado. Isso porque, o que acontece hoje pode dispensar o amanhã que, por um acidente bobo, um mal súbito, que tiram a vida num sopro, poderá sequer existir.

Aprendi a valorizar os meus “pedaços” corretos, porque eles estão emendados no hoje, que nasceu nesta manhã sob a força Divina do querer fazer bem.

E pensando assim, aprendi que o meu amor não será risco para ninguém, porque será verdadeiro, sem o peso da cobrança. Este amor estará fincado na verdade do dia, no propósito maior lastreado na pura felicidade do querer bem. Afirmo isso porque descobri quem realmente eu sou.

Dessa forma, de peito aberto, sem medo de amar, me entrego de corpo e alma justamente porque viso ser melhor todos os dias, por mim e para aqueles que aceitam este meu propósito de vida. Ser feliz. E sendo um dia de cada vez, será mais fácil acertar do que errar. Garanto. E desde que mudei isso em mim, muitos dias têm se passado em que acertar está mais fácil. Não que não haverá erros. Estes, sucumbirão ao propósito maior. E neste tic tac das 24 horas diárias, peço ao abrir dos olhos que o meu corpo, minha mente e o meu coração estejam alinhados na alegria de viver intensamente cada minuto.

A intenção sempre será tentar fazer o certo. E este caminho diário, às vezes tortuoso, deverá ser uma fonte diária de inspiração. Tenho para mim que a alegria de cada instante deverá eternizar a memória, para que num eventual aperto, tristeza do acontecimento do dia, prevaleça a gratidão daquele momento que testemunhei pelos olhos marejados, pelo coração outrora calejado e pela mente atenta.

Por isso, chorar e rir todos os dias trazem renovação. Descobri, na pele, e a meu pedido ao Senhor, que sou um vaso de barro, que precisa ser modelado a cada dia pelas mãos de Deus. E não raras vezes, perco a paciência e tento compreender o que é incompreensível na modelagem que Ele criou. E tenho percebido que, embora cheio de metas diárias, construídas no instante antes do descanso, que é preciso recuar, simplesmente porque o hoje não comporta a ação pensada ontem. Então, refaço o caminho, para que a engrenagem da vida não interfira no molde que Deus desenhou.

Tudo pode ter mudado. Enfim, sou um eterno aprendiz da vida, cujo Dono sabe melhor do que eu o que é necessário para mim, me restando apenas viver o momento que Ele me propiciou quando, na cruz disse, está consumado! Feliz Páscoa!

Allison Sousa é empresário e advogado.