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Opinião
Quinta - 23 de Junho de 2022 às 06:56
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Expressão antiga diz que goleiro bom e politico tem que ter sorte. Politico de sorte pode estar no lugar certo na hora certa, o de má sorte no lugar errado na hora idem.

Políticos recentes com sorte? Lula e Blairo Maggi. Os dois chegaram aos governos, em 2003, num momento da explosão dos preços das commodities. Impacto forte no Brasil e MT.

Não havia nenhuma crise local, nacional ou mundial. Em 2008 a crise imobiliária nos EUA bateu aqui, provocou confusão econômica. Ambos já estavam reeleitos desde 2006.

Os dois governos se beneficiaram de momento especial na economia mundial. É preciso dizer que os que têm essa sorte tem que ter capacidade para administrar e tocar o bom momento. Se não perde a oportunidade. E dizer também que quem tem a má sorte pode, em tese e com competência, suplantar os problemas.

Caso recente de má sorte é o de Bolsonaro. Primeiro apareceu a crise hídrica. Faltou água nos reservatórios, afetava a área energética. Tarifas subiram, consumidores reclamaram. Com a falta de chuva a coisa esquentou.

Desde março de 2020 o Brasil e o mundo convivem com a pandemia da covid. A regra foi ficar em casa e se cuidar. É mais que óbvio que ia afetar a produção econômica do país. Bolsonaro queria que a população saísse e trabalhasse. O STF, seguindo o que queriam os governadores e prefeitos, concordou com isolamento maior. Aliás, o bom senso recomendava isso.

No meio do caminho dessa má sorte a Rússia invade a Ucrânia e provoca um fuzuê nas áreas de combustível e alimentos. Combustível mais caro, encarece frete, que transporta comida, que ajuda a aumentar a inflação.

O governo corta impostos federais e o Congresso derruba ICMS dos estados. Menos recursos nos cofres públicos para investir. Mas o problema maior está na inflação que atrapalha e muito a vida cotidiana dos mais pobres. E a eleição está bem ali na dobra da esquina.

Por causa da pandemia, da guerra e consequências, a inflação não foi somente no Brasil, apareceu em muitos países. Governos estão aumentando juros, como os EUA e a Europa. Juros mais altos fazem que dinheiro saia daqui para aqueles mercados.

Na esteira desse incômodo momento o dólar pode subir. Com a guerra em andamento o barril do petróleo tende a ter preço mais alto ainda. O que se fez no Brasil para diminuir preço do combustível pode ser derrubado por esses fatores.

Tudo numa avalanche enorme. Muito azar e, no meio do caminho, tem uma tentativa de reeleição. Mostram as pesquisas que o principal fator dessa eleição está na economia. Com inflação alta a coisa pode se complicar.

Não tem cavalo de pau politico ou econômico que resolva tudo isso. Ou, na frase conhecida, o momento faz o herói ou o destrói. Bolsonaro estaria sabendo vencer a má sorte politica que lhe caiu na cacunda?

Alfredo da Mota Menezes é analista político.



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