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Opinião
Sexta - 21 de Outubro de 2022 às 13:57
Por: ROBERTO BOAVENTURA SÁ

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Em 1989, sem as redes sociais, a mídia teve relevância, em especial a Globo e a Revista Veja, no resultado da primeira eleição pós-golpe militar/64. Esses veículos foram pilares para a imposição, por aqui, do projeto neoliberal em implantação alhures; para tanto, puseram-se a favor de Collor, o pai no neoliberalismo no Brasil, em detrimento de Lula, ambos finalistas de 89. Por incontáveis vezes, a mídia lançou mão de “fake news”.

Da parte da Globo, a manipulação do JN, contra Lula, do último debate com Collor, tornou-se “antológica” desonestidade jornalística, que, depois, seguida do impeachment de Collor, ajudou a Globo a fazer explícito “mea-culpa”, ainda que apenas em 2015, conforme o endereço que segue: https://www.facebook.com/watch/?v=268431057531087.

Da parte da Veja, da qual não me lembro de desculpas pelos absurdos que cometeu para ver Collor eleito, em inúmeras matérias, construídas para desconstruir o projeto político – à época, popular – do PT/Lula, sentenças do tipo “Quem avisa amigo é” eram sempre inseridas nos textos daquele semanário, que apostou no medo do eleitor contra o petista. Semanalmente, Veja sentenciava, conforme seus interesses, o desastre a que o país estaria submetido se o “esquerdista/comunista/ateu/demônio”, chamado Lula, fosse o vencedor.

Claro que as sentenças, à lá ditos populares, não surgiam isoladas. Em Veja, capas, charges, fotografias e outras artimanhas de matérias preconceituosas, além de propagandas políticas – disfarçadas, em suas páginas, de publicidade – ajudavam na apelação em prol do triunfo da direita.

Hoje, com um Lula “endireitado”, e disputando o segundo turno com o atual presidente da República, resgato, já fazendo sua adaptação, uma outra sentença: “quem te leu, quem te lê”, caríssima Veja, pois, no último dia 11, no site https://veja.abril.com.br/politica/por-que-lula-esta-ampliando-o-placar-contra-bolsonaro/, foi possível ler a manchete: “Por que Lula está ampliando o placar contra Bolsonaro”, conforme as pesquisas daquele momento.

Em seu desenvolvimento, a matéria afirma que tudo tem base no comportamento de um e de outro candidato. Para Veja, Lula acertou “ao dizer que vai respeitar o resultado das urnas e governar para todos. Já Bolsonaro tem feito ameaças contra a democracia, como a ampliação do número de ministros do STF”.

Veja fez mais. Registrou que, assertivamente, Lula, “Durante seu discurso (do dia 10/10), descreveu de forma certeira quem é Bolsonaro. “Esse cidadão é anormal, o comportamento dele é anormal. Ele não teve nenhuma formação civilizatória. Ele pensa no Brasil para ele. As Forças Armadas são dele, a Suprema Corte é dele, o Congresso é dele, o país é dele”.

Assinando a fala de Lula, Veja completou: “E dá até para dizer: Errado não tá”!



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