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Opinião
Segunda - 01 de Maio de 2023 às 04:42
Por: Neila Barreto

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Tertuliano Amarilha veio para Cuiabá-MT a convite do governador José Fragelli, de quem foi secretário particular, na década de 1970. Conheci Tertuliano Amarilha no governo José Fragelli. Eu servidora da Companhia de Saneamento do Estado de Mato Grosso – Sanemat.

Eu secretária do médico Cláudio Luiz Fontanillas Fragelli, irmão do governador e, ele servidor do governo estadual. Sempre que o encontrava lá pelos corredores do Palácio Alencastro, conversámos. Além de escritor, era contador, jornalista, dicionarista, contista, poeta e compositor.

A sensibilidade e o talento fizeram com que Tertuliano transformasse fatos da vida cotidiana em arte literária, dando origem a crônicas, poemas, literatura infanto-juvenil, memórias e letras de música. Uma das peculiaridades da obra de Tertuliano é a retratação, em prosa e verso, da vida de personalidades ilustres da região. Essa característica resultou no convite do então governador José Fragelli, para que ele viesse morar em Cuiabá, na década de 70.

À época, Tertuliano foi secretário particular e chefe de gabinete de Fragelli. Logo que chegou a Cuiabá, recebeu destaque com a conquista da Estatueta Bandeirante, prêmio de poesia promovido na capital.


Mais tarde o conheci mais profundamente na Academia Mato-grossense de Letras, titular da Cadeira 23 desde o ano de 1986, quando era presidente da AML, o professor Lenine de Campos Póvoa, e eu na 19, muito tempo de depois, em 29 de novembro 2019, na cadeira da historiadora Vera Iolanda Randazzo.

Ai então já era servidor aposentado da Secretaria de Fazenda do Estado de Mato Grosso. Nesse momento a sua saúde já estava comprometida. Fui até a casa dele, por três vezes, pedir o seu voto e o seu apoio para a minha candidatura em uma vaga na AML. Sempre fui muito bem recebida.

Tertuliano Amarilha nasceu no dia 26 de abril de 1924 na cidade de Campanário, naquela época município de Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul.

Era filho de Eduardo Amarilha e Carmen Ávalos Amarilha, ambos de nacionalidade paraguaia, casado com Guiomar Amarilha, com quem teve 4 filhos. Viveu em Mato Grosso do Sul, depois São Paulo e fincou raízes em Cuiabá, Mato Grosso, terra que o recebeu com carinho e respeito, tornando – o um imortal da AML.

Além de poeta, Amarilha gostava de cantar. Era um compositor letrista e deixou mais de 70 fitas K7, CDBs, LP’s e DVD’s gravados por diversos artistas brasileiros. E lá no meio dos escritos dele tem uma poesia chamada “Neila”. Que bom! São muitas as Neilas no Brasil. Todas homenageadas. Em seus escritos gostava de dizer que homenageou a Luiza Brunet.

Sua dedicação a arte de escrever resultou em muitos títulos e em diversas línguas, como português, espanhol, guarani. Gostava de escrever para jornais e revistas. Recebeu prêmios. Foi um poeta conhecido por outros países, como Paraguai, Chile, Portugal e México. Acompanhou a modernização por meio das redes sociais, sempre publicando os seus trabalhos no face book. Publicou muitas obras.

Faleceu em Cuiabá no dia 26 de junho de 2022, após sofrer um choque séptico, ocasionado por uma pneumonia, aos 98 anos de idade.

Neila Barreto é jornalista, historiadora e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso.



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