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Opinião
Quarta - 22 de Novembro de 2023 às 06:30
Por: Giovana Fortunato

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Estamos diante de uma onda de calor histórica, em um mês em que normalmente temos umidade se espalhando de novo sobre o país, com chuvas amplas e volumosas, com radiação solar mais intensa e dias mais longos.

Temperaturas elevadas no verão podem ter implicações no bem-estar da mulher grávida. Além disso, o facto de, nesta altura do ano, haver maior probabilidade de alterar rotinas, viajar e experimentar comidas diferentes, pode também implicar uma maior atenção por parte das grávidas, de modo a que a gestação decorra sem problemas.

O aumento da temperatura pode contribuir para que as mulheres grávidas se sintam desconfortáveis, estando mais sujeitas a sofrer de desidratação, fadiga, esgotamento pelo calor, desmaios ou até insolação.

Embora a interferência do calor se sinta mais à medida que a gravidez se aproxima do final, sabe-se que quando a elevada temperatura corporal (hipertermia) ocorre durante o primeiro trimestre de gravidez pode ter consequências graves , há evidência de que uma temperatura corporal acima de 39,2 °C, nas primeiras seis a oito semanas de gestação, aumenta ligeiramente a probabilidade de o bebé desenvolver algum tipo de malformação.

O metabolismo altera-se durante a gravidez, verificando-se mudanças na forma como os fluidos são geridos pelo organismo e como a temperatura é regulada. Além disso, a maior parte dos órgãos tem de consumir mais energia, tendo em conta o esforço extra que lhes é solicitado. Como tal, a probabilidade de desidratação é maior durante a gravidez. No verão, esta situação pode ocorrer com maior frequência, devido às temperaturas elevadas e ao aumento de transpiração.

A desidratação da grávida pode levar a complicações graves, como defeitos do tubo neural, nível reduzido de líquido amniótico, produção inadequada de leite materno, problemas no desenvolvimento do feto e início prematuro do trabalho de parto.

Em períodos de calor intenso, é necessário que as mulheres também redobrem os cuidados com a pressão arterial, principalmente no primeiro trimestre . Isso se deve às alterações hormonais que provocam o relaxamento dos vasos sanguíneos e, como consequência, uma pressão mais baixa. Essa característica piora no calor, então, a gestante pode ter mais sensação de moleza, desmaio, turvação da vista e dor de cabeça.

O que fazer?

- Beber, pelo menos, oito a 12 copos de água por dia.

- Diminuir ou suprimir por completo a cafeína devido ao seu efeito diurético (estimula a produção de urina).

- Beber sucos de fruta natural sem adição de açúcar.

- Moderar o exercício físico.

- Preferir locais frescos e arejados.

- Evitar a exposição solar direta, em especial entre as 11 e as 17 horas.

- Manter a habitação mais fresca possível.

- É importante permanecer em ambientes frescos e arejados.

- Se a temperatura corporal começar a subir é necessário baixá-la, podendo fazer uso de uma ducha de água fria (mas evitando mudanças bruscas de temperatura), ou refrescando o corpo com água fria.

- Recorrer a água em spray para refrescar a face e o corpo mais rapidamente.

- Optar por roupas largas e de cor clara, de preferência de fibras naturais.

- Ao ar livre, use sempre chapéu de abas largas.

- Escolher as horas de menor calor para viajar de carro.

No caso da gestante de risco habitual, que não tem comorbidades, a preocupação é com a hidratação, que tem que ser a adequada, porque as mulheres grávidas têm dificuldade para controlar a pressão.

As gestantes que têm comorbidades, entre as quais, a questão da pressão arterial e pré-eclâmpsia. “Porque aí não é só a questão da hidratação, mas como ela vai ser feita e qual repercussão que o calor pode ter na pressão arterial da grávida”. Devemos ficar vigilantes com as gestantes durante o pré-natal e fornecer informações para prevenção e cuidados obstétricos.


Dra. Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do HUJM e especialista em endometriose e infertilidade no Instituto Eladium



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