Em busca de um lugar ao sol Pais reclamam de filhos que não observam limites e não sabem lidar com frustrações

Os pais reclamam dos filhos que não observam limites e não sabem lidar com frustrações. São uns rebeldes sem causa! E daí, surgem toda sorte de aborrecimentos para lidar com eles.

Normalmente, são os donos da razão e preferem a comodidade no papel de “eternos adolescentes” que não amadurecem e nem querem saber de nada, somente do desfrute do bem e do melhor que não sabem quanto custa, sob os auspícios da frase gasta: “não pedi para nascer”.

Para eles, vale a afirmação jocosa: “quem pariu Mateus é que o embale! Não querem saber que os seus pais, também, não pediram para nascer, mas que nem por isto deixaram de pegar firme no cabo do “guatambu”. Para quem não sabe, ela é a madeira apropriada para se fazer cabo de enxada.

Ontem, sob prescrição médica, fui ao laboratório me submeter a mais uma constrangedora tomografia, depois de ter feito uma difícil ressonância magnética e outro exame ainda pior, chamado colonoscopia. Acho que a ciência médica que tem tecnologia de ponta deveria aprimorar ou substituir tudo isto por alguma coisa menos invasiva, menos dolorosa e, sobretudo, menos danosa, pois a perniciosa radiação e ou sedação estão presentes, na maioria destes e de outros procedimentos.

Estava eu nervoso, numa sala de espera, aguardando ser chamado para me submeter à uma tomografia, e tinha, ao meu lado, uma moça aguardando para fazer um exame de ressonância magnética da coluna. Notei que ela estava nervosa. Como dois bois, no brete do matadouro, começamos a conversar.

Ela me disse ter 23 anos, formada em Direito e estava estudando 08 horas por dia, para se submeter a um concurso de juiz de Direito. Por causa da posição que ficava por horas estudando, lesionou a coluna e, daí o exame a que iria se submeter. Coincidiu que ao sairmos dos exames, nos encontramos novamente e ela me disse que estava viva! Não mais a vi e, certamente não a verei novamente.

Entretanto, ficou em mim, gravado a imagem de uma pessoa comprometida que está encarando a vida de frente. Então me lembrei de que nem tudo está perdido e que os “à toa”, que descrevi inicialmente, devem ser uma minoria de folgados e inconsequentes que estão fazendo um débito que não conseguirão honrar e, certamente, vão adornar o bloco dos fracassados no futuro.

Portanto, deixando de lado o pessimismo que me persegue, posso afirmar que, apesar dos pesares, existe gente comprometida com a vida, com o trabalho e com futuro e, deve ser a grande maioria que irá levar nos ombros, este Brasil sem porteira. Enfim, é o bem derrotando o mal que não pode e nem deve triunfar.

Yasmin que você triunfe porque não lhe falta disposição e nem determinação! A sua coluna é apenas mais um dos tantos obstáculos que você irá superar. Que Deus ilumine o seu caminho, pois o seu sucesso é uma questão de tempo. Você é um símbolo e um exemplo! Espero que este velho rábula ainda tenha tempo e oportunidade para despachar com você no seu gabinete de magistrada!

Renato Gomes Nery é advogado.