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Opinião
Quarta - 21 de Novembro de 2012 às 10:21
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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 “Coloca etanol, o combustível completão”. A mensagem, emitida por artistas globais, está presente na mídia paulista e em ações de marketing realizadas diretamente nos postos de abastecimento. Com ela, os produtores pretendem chamar a atenção dos proprietários de veículos “flex” para a vantagem de preço do álcool em relação à gasolina e sobre aos ganhos ambientais proporcionados pelo combustível derivado da cana. Lembra que quando custa até 70% do preço da gasolina, o etanol (ou álcool) é economicamente mais vantajoso.

            Há décadas o nosso país tem no álcool um substituto forte para a gasolina. As primeiras experiências datam dos anos 20 e 30 do século passado. No decorrer da 2ª Guerra Mundial, o governo adquiria o aguardente produzido pelos engenhos e o transformava em álcool para adicionar à gasolina importada e escassa. No vácuo do grande choque do petróleo, ocorrido em 1973, o governo brasileiro lançou o Proálcool, incentivando a instalação de destilarias e criando incentivos para a indústria automobilística adaptar a produção dos seus veículos ao combustível nacional. Veículos que já rodavam a gasolina foram convertidos e, depois de alguns anos, a quase totalidade da frota nova era movida a álcool. No final dos anos 80, depois de períodos de escassez e desabastecimento, o álcool foi abandonado, voltando a gasolina. Mas voltou a ter mercado em 2003, com o surgimento do carro bicombustível.

            Com a tecnologia ajustada, o carro brasileiro hoje funciona tanto com álcool quanto com gasolina. Ficou, no entanto, como inconveniente, a falta de uma política que garanta a manutenção do preço do álcool ao máximo de 70% do praticado na gasolina, para ser competitivo. As oscilações de mercado do produto e a sua diferença entre uma praça e outra, têm afugentado o consumidor que, na dúvida, opta pela gasolina. Isso  leva os produtores a deflagrar a campanha publicitária para atrair o consumidor.

            As políticas de “desregulamentação” desenvolvidas nas últimas décadas para os diferentes setores da economia são citadas como fator de combate à inflação. Mas em se tratando de combustíveis, geram dificuldade, pois o álcool é vendido no livre mercado e a gasolina, sua concorrente, tem preço político. O governo precisa, com toda urgência, eliminar a turbulência do setor, alinhando o preço dos dois insumos automotivos e mantendo o diferencial. A mesma política que se pratica para a gasolina tem de ser aplicada ao álcool pois, sem isso, jamais se alcançará o equilíbrio.

            É preciso criar estoques reguladores de álcool controlados pelo governo – não pelos produtores – que dêem garantia do abastecimento à frota sem as pressões de preço da entressafra. Tanto quanto a gasolina e o óleo diesel, o álcool automotivo deve ser encarado como produto estratégico. Sua estabilidade de preço e garantia de fornecimento contínuo e regular são indispensáveis...

 

 

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

aspomilpm@terra.com.br  



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