Dengue e controle de pragas
A desinformação e o consequente despreparo da população ao lidar com situações de risco de saúde ensejam o brotamento de doenças que prejudicam o cenário humano na América Latina. O ressurgimento do cólera a todo vapor no Haiti e o alastramento da dengue em vários países latino-americanos preocupam os profissionais e as instituições da saúde.
A Organização Panamericana de Saúde (OPS) informou que a dengue tirou a vida de 1.167 pessoas de 1,8 milhão de casos registrados na América Latina em 2010. É uma doença considerada endêmica (ou que ocorre constantemente numa região determinada) nos três continentes mais pobres: América (Latina), África e Ásia.
Estes dados sobre a doença são alarmantes em regiões onde a educação há muito tempo é uma deficiência nas políticas públicas, que priorizam o crescimento econômico, embora a boa vontade de secretarias e ministérios de saúde tenha promovido visitas recorrentes de instrutores e fiscalizadores de focos do mosquito em residências e estabelecimentos comerciais.
A OPS alerta que a fêmea do mosquito Aedes aegypti, transmissora da dengue, vive em zonas urbanas e desova suas larvas em recipientes de água parada. A proliferação do mosquito, ainda, depende das condições climáticas, pluviais e de temperatura. As chuvas incessantes e torrenciais na América do Sul, portanto, têm agravado o risco de transmissão da doença.
Que direção tomam as políticas públicas no Brasil para combater a dengue?
O Ministério da Saúde diagnosticou que 19 estados tupinicas estão com risco alto de epidemia de dengue em 2011. A situação é mais grave nos estados do Norte e Centro-Oeste: Acre, Rondônia, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O ministro Alexandre Padilha, por esta razão, busca parcerias com empresas públicas e privadas para prevenção contra a doença, segundo a Agência Brasil, dos setores de aviação, alimentos, comunicação, finanças e telefonia.
É procedente que o Estado recorra à cooperação com instituições privadas a fim de sanar um problema de interesse público, uma vez que estas são amiúde mais acessíveis e porosas frente à sociedade. O que não seria admissível é a delegação de atributos e a isenção de responsabilidade governamental diante desta espécie petulante de mosquito.
Vários desta estirpe sobrevoaram e agonizaram seus povos e os de outrem: Zine El Abidine Ben Ali, na Tunísia; Hosni Mubarak, no Egito; George W. Bush, nos Estados Unidos; Bebê Doc, no Haiti; e Benjamin Netanyahu, em Israel. Que prevaleça a democracia real sobre a democracia fictícia, do poder vitalício, e do discurso que prega uma coisa e faz outra!
Para isso existe o controle de pragas! Umas ainda resistem às manifestações populares, contudo. É o que vemos com o efeito dominó no mundo árabe, insatisfeito com os ditadores de plantão.
Registraram-se, nas primeiras seis semanas de 2011, 46.592 casos confirmados ou suspeitos de dengue na América Latina. Das 31 pessoas que morreram da doença neste período recente, 14 foram no Peru, 8 na Colômbia, 5 no Paraguai e 4 na Bolívia. O número maior no Peru advém de uma variedade mais agressiva de vírus.
Os desafios naturais que nos têm aparecido incitam o sentimento de pertencimento a uma coletividade, que muitos resistem a aceitar, e a urgência de se tomar a educação seriamente como um requisito de desenvolvimento.
Quanto mais esperarmos e nada fizermos, mais propícias serão as condições de alastramento de doenças há algum tempo atrás tidas por erradicadas (cólera) e controladas (dengue).
Este quadro de desmanche da saúde pública na América Latina, salvo em países onde ela é levada mais a sério e não como negócio, é um retrocesso em políticas sociais e sintoniza, deste modo, a nossa região como foco de problemas graves de saúde.
A dengue se combate evitando água parada em latas, vasos, pneus e recipientes, que atraem os mosquitos causadores de doença. Os governantes atrozes, por sua vez e já que citei alguns, destituem-se com a conscientização frente ao significado de democracia. Fiquemos atentos.
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