Chefe da Casa Militar de MT comprou equipamentos para escutas Coronel Evandro Alexandre Lesco é chefe do cabo que pediu autorização para grampear telefones
O coronel da Polícia Militar Evandro Alexandre Lesco, atualmente chefe da Casa Militar de Mato Grosso, comprou dois equipamentos que podem ser usados para interceptações telefônicas em maio de 2015, no valor de R$ 24 mil.
A compra foi feita no nome dele, mas na nota fiscal consta o endereço da sede do Comando Geral da Polícia Militar de Mato Grosso, em Cuiabá, para a entrega. O G1 tentou entrar em contato com o coronel, mas até a publicação desta reportagem não o localizou.
As compras de equipamentos para a Polícia Militar devem ser feitas por meio da Secretaria Estadual de Segurança Pública e não por membros da corporação, segundo o coronel Jorge Luiz de Magalhães, atual comandante da PM em Mato Grosso. "A PM não tem autonomia para fazer qualquer aquisição. Tudo tem que ser feito pela Sesp", disse ele, que assumiu o cargo em dezembro de 2016.
Na Casa Militar, Lesco é chefe do cabo da PM Gerson Luiz Ferreira Correa Júnior, que foi o autor dos pedidos à Justiça para incluir os números de telefone de jornalistas, médicos e advogados numa suposta investigação para apurar a participação de PMs no tráfico de drogas, mesmo sem qualquer indício de participação deles nos crimes apurados.
Esse esquema de grampos clandestinos feitos pela PM, a pedido da própria corporação e com autorização da Justiça, teria vigorado entre outubro de 2014 e agosto de 2015.
Antes de trabalhar na Casa Militar, o coronel e o cabo atuaram juntos no Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão ligado ao Ministério Público Estadual (MPE). Lesco foi diretor de Inteligência e Operações, enquanto Gerson era um dos responsáveis pelas escutas telefônicas. O MPE se recusou a informar durante qual período os dois policiais ficaram cedidos ao Gaeco.
Em setembro de 2015, segundo Taques, o Grupo de Combate ao Crime Organizado arquivou investigação sobre o esquema de escuta telefônica por falta de provas. Na época, o cabo Gerson ainda estaria cedido ao Gaeco.
Os aparelhos foram adquiridos quando Lesco era secretário-adjunto de Segurança Governamental da Casa Militar, cargo para o qual foi nomeado em fevereiro de 2015, como consta no Diário Oficial do Estado.
Um dos equipamentos custou R$ 8,5 mil e pode ser usado para fazer escutas telefônicas. O outro, no valor de R$ 15,7 mil, pode ser utilizado para fazer gravações.
A Casa Militar funciona no Palácio Paiaguás, onde fica o gabinete do governador do estado. Um dos subordinados de Lesco é o cabo da PM Gerson Luiz Ferreira Correa Júnior, que foi o autor dos pedidos à Justiça para incluir os nomes de jornalistas, médicos e advogados na investigação, mesmo sem qualquer indício de participação deles nos crimes apurados.
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