IPOs: força total só deve ser esperada para 2011
O primeiro trimestre do ano é tradicionalmente o melhor período para as empresas que nunca negociaram ações no mercado de valores efetuarem a sua oferta pública de papéis - ou IPO, sigla relativa à expressão Initial Public Offering.
Isso acontece porque muitos investidores só decidem apostar em uma determinada empresa depois que esta publica seus balanços - em geral, os números oficiais servem para referendar as tendências positivas que os investidores já vinham detectando durante a análise das opções mais promissoras. Mas, surpresas acontecem. E é por isso que os dados consistentes e auditadas são indispensáveis.
Decerto haverá IPOs interessantes nos primeiros meses do novo ano, mas elas serão menos numerosas do que seriam em um cenário normal. Isso acontece porque, como o ano de 2009 começou sob o pesado véu da crise financeira mundial, muita gente que pretendia entrar para o mercado de ações em 2010 acabou optando por adiar o projeto.
A prática de IPO é algo que toda empresa, por mais afeita que seja à ideia de pertencer a um só dono e de ter uma longa história construída como organização familiar, terá que considerar um dia. Somente a abertura de capital permite captar os recursos necessários para crescer, se desenvolver e acompanhar as tendências de mercado sem se sujeitar a empréstimos que fazem boa parte do lucro ser engolida pelos juros bancários.
Assim, costumo comparar a inevitabilidade das IPOs ao oxigênio: sem ele, não existe vida! E, para melhorar a explicação, recorro a uma história pessoal: na época em que eu ainda cursava a faculdade, costumava participar de protestos contra a ALCA e contra a globalização. Tolice! O mundo de hoje só existe porque o capitalismo mundial cresceu, se aperfeiçoou e se livrou boa parte das barreiras e dos entraves que impediam a livre negociação entre os países.
Só que a abertura de capital não pode ser feita da noite para o dia. Não adianta acordar agora, às vésperas de um novo ano, e exclamar: "Ah, eu quero abrir o capital da minha empresa para aproveitar o reaquecimento da economia e, dessa forma, aproveitar a recuperação da economia".
A preparação para a IPO demanda aproximadamente um ano. A empresa precisa ser auditada com todo o cuidado, adequar suas demonstrações contábeis aos padrões de exigência internacionais e submeter-se a uma série de exigências legais. Quando esse processo chegar ao fim, a oferta pública de papéis poderá acontecer de fato.
Para as empresas que estiverem dispostas a entrar nesse processo, deixo um conselho: comecem a fazer a lição de casa o quanto antes. Recorram a uma boa auditoria, com renome e qualidade mundial, o que pode ser facilmente verificado junto ao ranking oficial do Conselho de Valores Mobiliários (CVM). Se necessário, lancem mão também de uma assessoria. Desse modo, as excelentes perspectivas previstas para poderão ser plenamente aproveitadas.
*Henrique Campos é sócio-diretor da BDO, quinta maior empresa do Brasil e do mundo em auditoria, tax e advisory.
Comentários