Uma coisa ou outra não dá Uma nação se faz com seres humanos responsáveis e cientes de suas limitações
Uma nação para se desenvolver e ser grande não pode ter seus poderes constituídos propositalmente fragilizados e nem pode ter ídolos ocupando os principais postos.
Uma nação se faz com seres humanos responsáveis e cientes de suas limitações. Uma nação cresce e se desenvolve através das dinâmicas e processos inteligentes que não habitam em fanatismo, torcida ou idolatria. Já afirmara Rui Barbosa: "A miopia intelectual é a mais constante geradora do egoísmo".
As instituições tem necessariamente que ser maiores que os que a governam, pois, pessoas não julgam instituição, são apenas seres humanos revestidos do poder que a própria instituição temporariamente e provisoriamente concede. As pessoas passam, erram, abandonam, são demitidas ou morrem; as instituições permanecem.
Estamos vivendo tempos difíceis no Brasil a tal ponto que parte importante da sociedade (fã clube) tenta reduzir uma nação inteira a dois grupos para passar pano e idolatrar duas pessoas: Jair ou Luiz? Uma coisa ou outra não dá! Somos muito mais que estas duas pessoas que, para o bem ou para o mal, deram e podem continuar dando suas contribuições longe do poder.
Ambos são muito inferiores as necessidades de uma nação para fazer dela um patrimônio pessoal de desmandos e vaidades.
Uma nação se faz com seres humanos responsáveis e cientes de suas limitações
Neste caso os dois estão fazendo muito mal ao país e as pessoas que os cultuam. Neste momento o Brasil não precisa de uma terceira via, o Brasil precisa de vias que possam ir para além das guerrinhas de narrativa e de soberba e do rame rame que atendem desejos egoístas e prepotentes de perpetuação no poder.
Há um novo mundo emergindo e junto com ele um novo brasileiro que necessita de pessoas capacitadas para gerir as instituições que são pilares desta sociedade.
Todo fanático é naturalmente descompensado emocionalmente para ver a realidade como ela é. Por isso pessoas que compõem torcidas, fã clubes, seguidores e seguidos não podem ocupar o poder. Quando isso ocorre, a “deusificada” personalizada no poder passa a construir seu próprio castelo em detrimento das realidades e necessidades de uma nação ou país.
A história normalmente transforma estes castelos em sarcófagos. Mas até que isso aconteça a população padece; morre e a nação sofre atrasos irreparáveis. Exemplos não faltam: Peronismo na Argentina; Franquismo na Espanha; Chavismo na Venezuela; Salazar em Portugal e tantos outros.
A senha é simples: quando um personagem ganha um “ismo” ao final de seu codinome deve ser imediatamente descartado do poder para o bem da nação. José Saramago já fez referência a isto em tempos passados: Estamos a destruir o planeta e o egoísmo de cada geração não se preocupa em perguntar como é que vão viver os que virão depois. A única coisa que importa é o triunfo do agora. É a isto que eu chamo a cegueira da razão.
O poder não é perfeito, até mesmo por ser constituído de pessoas humanamente sensíveis e muitas vezes contraditórias. Isso por si só justifica o revezamento, passo que chamamos de democracia. Já a idolatria busca a eternidade e no ufanismo constrói uma perfeição fictícia, maléfica e muita das vezes até assassina, tal como os exemplos acima citado.
A torcida e a idolatria que passa pano e permite os erros leva o idolatrado a se exceder no orgulho exagerado que tem parentesco com egoísmo, com ostentação e com a soberba das palavras contra tudo aquilo que não atende seus desejos.
O Brasil tem mais de 210 milhões de habitantes sendo 147.9 milhões de eleitores aptos a votarem e serem votados. Então ficar no “isso ou aquilo” não dá!
João Edisom de Souza é analista político.
Comentários