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Opinião
Domingo - 20 de Março de 2011 às 23:29
Por: Lourembergue Alves

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Outro dia, um dos leitores desta coluna formulou a seguinte questão: “Qual é o mais forte candidato ao governo do Estado em 2014?” Pergunta interessante. Porém, de difícil resposta. Sobretudo agora, diante do atual desenho do cenário político-eleitoral mato-grossense. Um desenho que, em nada, traz evidências de possíveis candidaturas fortes.
 
Quadro que se assemelha, e muito, com o de outras unidades da federação. Por isso, elas sempre têm os mesmos nomes nas disputas majoritárias. Raramente as candidaturas postas fogem do “usual” ou do “trivial”, e, ainda assim, tratam de “figuras carimbadas”, que contam com “a benção” dos caciques partidários. 
 
Caciques que conduzem suas agremiações de uma forma nada republicana. Pois a tal forma inibem a discussão – pelo menos ao grosso dos membros de cada partido – e fere o direito do filiado no que diz respeito a sua liberdade de expressão e de manifestação. E esse agir, o dos caciques, deixa “a ver navios” quem, de fato, “carregam o piano”. Isso acontece tanto em siglas pequenas, médias ou grandes. Os militantes sempre são substituídos pelos chamados apadrinhados. Inclusive com cargos na administração pública, seja municipal, estadual ou federal.   
 
Isso atrapalha o fortalecimento dos partidos, uma vez que os apadrinhados, na maioria das vezes, não têm vínculo partidário, e, por conta disso, são mais sujeitos às migrações, ou a mudarem de bandeira como se tivesse trocando de camisas; nem respeito eles têm para com os programas ideológicos e, tampouco, estão interessados em pensar e elaborar propostas, ações e projetos de governo – nascidos e formulados a partir de uma exaustiva conversa interna, cujos participantes tenham igual regalia de voz e vez. 
 
Enfraquecidas, as agremiações não passam de trampolim para que as pessoas possam entrar em uma disputa eleitoral. Situação que, somadas com outras, dificultam a renovação nas próprias fileiras partidárias. Também, pudera, é baixo o índice de jovens interessados em se filiarem, assim como também o é o ingresso de profissionais autônomos e de intelectuais – sem quaisquer sonhos de “seguirem a carreira política”. 
 
Assim, não se deve estranhar quando se depara com a ausência de candidaturas fortes ao governo do Estado. Mesmo que se considere a distância existente entre 2011 e 2014. 
 
Cenário que se torna ainda mais grave no instante em que se observa tanto a ala governista quanto a oposicionista. Em nenhuma delas pode se enxergar alguém de destaque, cujo poder de interlocução e de articulação, venha a se fortalecer como candidato, distanciado da mesmice reprisada e tão em moda. 
 
Resultado, também, da apatia política do eleitorado. Apatia que se deve, além do envolvimento de políticos nas falcatruas, da ausência de formação política. Tal ausência contribui igualmente para o enfraquecimento dos partidos, hoje sem quaisquer nomes – fortes – para disputar a cadeira central do governo estadual.      


Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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