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Opinião
Sexta - 15 de Julho de 2011 às 09:19
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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Não costumo aqui abordar fatos pessoais. Hoje, no entanto, abrirei uma exceção porque o ocorrido leva à reflexão sobre um dos mais graves problemas da população: a falta de atendimento médico-hospitalar. Encontrava-me, dias atrás, em Itanhandu (MG) - 14.175 habitantes, segundo o IBGE - quando uma pessoa da família teve um problema de saúde. O ímpeto foi procurar um hospital particular, mas só aí fiquei sabendo que a pequena localidade possui apenas um hospital público, e teria de me sujeitar.
 
Fui até lá, preparado para enfrentar o calvário já conhecido na maioria dos hospitais públicos brasileiros, especialmente os dos grandes centros, onde misturam-se pacientes graves e leves e chega-se a morrer na fila por falta de atendimento. Para minha surpresa, encontrei um estabelecimento limpo, sem fila e com profissionais sorridentes e interessados na solução do meu problema. O atendimento foi rápido, atencioso e resolveu. Nem o medicamento tivemos de comprar, pois foi fornecido pelo hospital, mantido pela Prefeitura e convênios oficiais.
 
Terminada a emergência, fiquei pensando. Como é que uma cidade pequena, do interior, consegue manter um serviço dessa natureza, enquanto os grandes centros e até as cidades médias vivem o caos? Tentei justificar com o pequeno volume de atendimento, mas aí lembrei-me de que os recursos devem ser, proporcionalmente, pequenos. Uma coisa é certa: Itanhamdu desmente a tese nacionalmente conhecida de que não é possível dar à população atendimento médico-hospitalar de boa qualidade. Não sou especialista e estes, certamente, dirão, em defesa do caos, que o meu problema era simples. Talvez até fosse, mas para mim, naquele momento, era o mais grave do mundo, e foi resolvido.
 
No tempo em que os institutos de aposentadorias e pensões ofereciam assistência médico-hospitalar a seus segurados, o atendimento era melhor do que hoje, quando temos o SUS, concebido para ser o mais completo sistema de socorro de saúde à população, mas infelizmente mal resolvido. A população, que não recebe atendimento adequado na rede básica de saúde, acaba superlotando os serviços de emergência e as filas se formam, com prejuízos e risco de vida para os pacientes de efetiva emergência, únicos que ali deveriam se encontrar. Mesmo assim, a propaganda oficial e política diz que o povo recebe bom atendimento. Onde? Em Itanhandu, hoje, posso responder.
 
Sem qualquer dúvida, devem existir, Brasil afora, outras localidades que prestam bom atendimento de saúde à sua população. Mas, infelizmente, o que temos visto ultimamente é notícia de corrupção em hospitais públicos, médicos reclamando de baixos salários e ganhando rios de dinheiro se comparados a outros profissionais e o povo morrendo na fila. Um verdadeiro descontrole, onde os cofres públicos investem elevadas somas, mas a população não tem atendimento. A solução é possível. Talvez esteja nas pequenas localidades e na anulação das máfias que hoje atuam no setor...

 
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br



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